Olá pessoal, Estamos chegando perto do nosso Workshop Internacional de Merchandising, que acontecerá dia 25 de abril em São Paulo, e não vou conseguir me conter de comentar a visita que fiz ao Shopping JK Iguatemi, sobretudo porque confesso que fiquei decepcionada, afinal de contas estamos falando do shopping destino classe alta, que se encontra na cidade com alto poder aquisitivo, e próximo ao ex-templo do luxo Daslu, que está sendo destruído neste momento, sendo a promessa do novo templo do luxo paulista, onde se encontram marcas nacionais e internacionais que representam o glamour, a beleza e o luxo, como, por exemplo: Chanel, Calvin Kline, Dolce & Gabbana, Gucci, Sephora, Prada, dentre várias outras.
Ou seja, minha expectativa era total e absoluta, sobretudo tendo vindo de um passeio no Shopping So Ouest em Paris, que não tem como missão ser um shopping de grande luxo, mas que com certeza está localizado a um local de classe mais alta e dá um show de acolhimento e interação, como comentei em uma matéria passada. Vi o JK como um shopping frio, de corredores largos, formas quadradas, cortes retos, iluminação uniforme e pouquíssima (para não dizer nenhuma) proposta de experiência e interação.
Logicamente que existem alguns espaços mais agradáveis, como a área aberta em cima para confraternização, ou ainda a área para crianças. Entretanto, no geral, eu esperava do JK um show de tecnologia, interação, mobilidade e acolhimento, pois afinal de contas, quem disse que luxo tem a ver com frieza? Já sabemos que a ideia do clean não é absolutamente representante do novo-rico brasileiro, nem o novo-rico árabe, nem muito menos os fashionetes que representam o mundo do luxo. Podemos ver isso claramente em uma série de socialites nacionais, ou em grandes estrelas, astros de rock, jogadores de futebol e nos personagens mais abastados das novelas.
Hoje, quando olhamos com maior atenção para esse consumidor do luxo, percebemos três tipos: os exuberantes que adoram demonstrar o que tem, com muito brilho, luz e ostentação (p. ex. Paris Hilton, Neymar, Berlusconi…), uns que são mais clean e discretos (p. ex. Athina Onassis, J.K. Rowling, Liliane Bettencourt, Bill Gates…), e um terceiro tipo que eu chamaria de “exótico”, aquele que pode circular nos dois lados, mas, sobretudo, tem um modo de vida que busca viver a natureza, se envolve em causas sociais, tem uma busca pela espiritualidade, e que busca “viver uma vida de verdade” (p. ex. Angelina Jolie, Richard Gere, Angélica e Luciano Huck…). Certamente poderíamos classificar em muitos mais tipos, mas esse não é um consumidor que eu estude profundamente.
Entretanto acabamos cruzando-os em festas, shows e em alguns lugares onde não só os muito-ricos, mas também outras classes frequentam. E posso lhes garantir que, cada vez mais, sentimos uma necessidade de experimentação, de interação, de exotismo, de degustação, de diferenças, de qualidade de vida, de orgânico, de música e de alegria nesses e em todos os seres humanos. É nessa direção que acho que se encontra a grande oportunidade de melhoria para o Shopping JK.
Sabemos que é um shopping novo, e muitas coisas devem estar no programa de aperfeiçoamento, e escrevo este artigo para inspirá-los a acelerar todo esse processo, pois após circular pelo shopping, resolvi conversar com alguns varejistas que estão lá presentes, ou com meus alunos da Pós em Marketing de Moda da ESPM/RJ, onde ministro a disciplina “Merchandising”, e todos (absolutamente todos!) concordavam integralmente com o que havia percebido.
Então pessoal, espero sinceramente que os criadores do projeto não fiquem tristes ou chateados com a minha crítica, mas que a utilizem para reformular, inovar e surpreender os consumidores ricos e os demais que podem vir a interagir com o local.
Uma das coisas que acho interessante observar, e que aconselho a todos perceber, é que no segundo andar, onde há uma maior presença das marcas nacionais (várias cariocas, inclusive), percebemos uma fluência, um movimento, uma alegria maior. Percebam como muda seu campo de visão, e a sensação de se sentir englobado, quando entra, por exemplo, na Osklen, Farm, e até mesmo Animale. Não que não existam outras lojas interessantes, mas pela relativa proximidade que se encontram, e pela forma em que são concebidas e pela vivacidade das cores, você se sente mais acolhido.
Pensando em algumas lojas bastante interessantes nesse passeio, não poderia deixar de citar a loja de lenços Scarf Me, que além de estar apresentando peças belíssimas, conseguiu montar uma loja pequena, altamente atrativa e interativa e que pode, com os próprios lenços, mudar seu visual a cada semana, ou a cada coleção. Assim como também gostei muito da Sergio K, que é bastante inusitada e diferente, que surpreende e gera atratividade.
Scarf Me Sergio K
Vale também a reflexão para belas lojas como Fast Shop, que criam em alguns momentos paredões que impedem a visibilidade de todas as categorias presentes na loja, ou para o Ponto Frio, que também está muito bonito, mas cria esse mesmo bloqueio no campo de visão, com os telões. A única experiência verdadeira de inovação que tive no Shopping JK foi na loja do Bradesco, mas essa eu contarei na próxima matéria!